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domingo, 28 de setembro de 2014

Escritor João Ribeiro Neto participa da

Semana Farroupilha em Porto Alegre

 
            Como sempre faz nessa época do ano, o escritor e jornalista João Ribeiro Neto, esteve participando da tradicional festa gaúcha do “20 de setembro”, Rio Grande do Sul. Nesse ano de 2014, a cidade escolhida foi a capital do Estado, Porto Alegre.

            Nessa data é comemorada a “Revolução Farroupilha”, também conhecida por “Guerra dos Farrapos”. Esse movimento de relevância nacional teve início em 20 de setembro de 1835 sob o comando do General Bento Gonçalves e durou 10 anos, transformando-se numa das mais sangrentas batalhas civis do Brasil. Nesse período da revolução chegou a ser declarada a independência do Rio Grande do Sul com a criação da República do Piratini, vindo depois disso a se unificar novamente com o país.

Além de participar das comemorações farroupilhas que incluem desfile à cavalo, apresentação de danças típicas gaúchas e mostra da cultura dos pampas, João Ribeiro Neto aproveitou a ocasião para visitar a Arena do Grêmio, localizada em Porto Alegre onde foi recepcionado por funcionários do clube e conheceu vestiários, gramado, camarotes, setor da imprensa e demais dependências desse magnífico e moderno estádio.



 
 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Poesia: "Tua Ausência"




Longe de ti sinto a alma carcomida,
Na minha boca, fala alto a falta dos teus lábios;
No meu ser sinto a ausência de vida
E no meu corpo, as carícias de tuas mãos!

Longe de teu sorriso enxergo o nada;
A respiração parece no peito travar-me
A sentir a ausência de teu esguio corpo
Ante à cama vazia onde me deito!

E eu, poeta versado na dor e na saudade,
Nada mais tenho a dizer além disso tudo
Que, em versos, explodiu o coração quase mudo!

Cabe a mim, somente, degustar tua ausência,
dilacerando-me da alma as soturnas entranhas,
no sonho onde eras minha em nossa doce querência!

sábado, 19 de julho de 2014

Conto: "A Felicidade Conjugal"


O dia estava próprio para uma ida à fazenda, um final de semana prolongado. Fazia calor e, além do mais, o casal vivia em perfeita harmonia, quase uma segunda lua de mel.
-“Acorda, amor! Já amanheceu”! – sussurrava delicadamente Eugênie no ouvido de seu marido, o Andrade.
Ele relutava para despertar, tinha sido dura a rotina da semana na empresa em que ocupava a presidência.
-“Mais cinco minutos, amor”! – era a reposta do marido.
Eugênie era uma mulher de uns 30 anos, porém, aparentava uns 23 anos, no máximo. De família nobre, origem francesa, tinha modos dignos de uma rainha, por assim dizer. Amava, sobretudo, o esposo a quem ele não cansava de afirmar: - “Esposa dedicada, irrepreensível, exemplar”...
Andrade, ou como era tratado quase sempre por todos, Dr. Andrade, era um homem de sucesso, um empresário que viajava o mundo inteiro realizando grandes negócios. Amava a esposa mais que tudo na vida, tinha uma veneração absurda por Eugênie, a quem ele sempre se referia como - “Minha mademoiselle”! - aludindo à origem francesa da mulher.
Não media esforços para realizar os desejos da amada. Certa vez, importou da Europa um belíssimo Stradivarius, o violino mais desejado do mundo. Gastou uma verdadeira fortuna para arrebatá-lo de um colecionador só para apreciar sua doce Eugênie extrair do nobre instrumento os clássicos de Vivaldi!
De outra feita, a esposa manifestara-lhe o desejo de voltar a praticar a equitação, pois desde criança ela sempre praticou esse esporte, montando com destreza e elegância. E como não poderia ser qualquer cavalo para a perfeita prática do esporte, queria um legítimo puro sangue da raça Lusitana, o cavalo dos nobres portugueses.
Foi preciso fazer esse pedido apenas uma vez ao marido e, logo, Andrade já importava de Portugal o portento cavalo branco para a plena satisfação de Eugênie.
Ao receber o animal, ela se lançou nos braços do amado, beijando-o frenética e alucinadamente. Era o êxtase completo que culminou numa noite intensa e voluptuosa de amor e paixão!
Marido e mulher se amavam no mais profundo de suas almas. Tinham os dois uma vida regrada, eram fiéis um ao outro, uma completa devoção de ambas as partes, um casamento perfeito!
E Eugênie ia criando novos desejos de aquisição, sempre caros e de difícil realização, mas, Andrade possuía recursos mais que suficientes para realizá-los de um jeito ou de outro. Amava aquela mulher de alma infantil, pura, inocente e totalmente entregue a ele!
Não tinha filhos o casal, Andrade amava a esposa com tanta devoção que sentia medo de perdê-la num parto em que algo viesse a dar errado, alguma fatalidade!
-“São já 10 horas da manhã, meu bem”! – insistia carinhosamente a esposa em acordar o marido para irem juntos à fazenda do casal.
Ela estava aflita porque o funcionário da fazenda havia telefonado para avisar que o cavalo lusitano de Eugênie, aquele mesmo importado por Andrade, estava doente.
O funcionário já tinha aplicado uma ou duas doses de Banamine, um medicamento analgésico que, quando injetado na veia do animal, faz um efeito instantâneo aliviando as dores. Mas esse era somente um paliativo, era necessário fazer um exame mais elaborado no cavalo por um veterinário e se fazia necessária a presença dos proprietários do bicho.
-“Não estou me sentindo bem, amor. Peça para o motorista te levar à fazenda e cuide de tudo por lá”! – disse Andrade, que estava realmente adoecido.
A esposa, dedicada como sempre, quis desistir da viagem para cuidar do marido, mas, ele, que a amava mais que a si próprio, não quis que ela deixasse de ir à fazenda cuidar pessoalmente do seu cavalo de estimação.
Então, Eugênie, meio contrariada, atendeu ao pedido do marido e seguiu a estrada com o motorista da família rumo ao interior.
Chegou lá duas horas depois, cumprimentou os funcionários, tomou um copo de água de poço, oferecido por Iracema, esposa do caseiro, e foi à estrebaria ver seu animal.
-“Ele está melhor, dona Eugênie”! - disse o peão responsável pelos animais da fazenda. Seu nome era Antônio, tratava-se de um homem simples do campo, pele queimada pelo árduo sol da lida; era muito dedicado ao serviço. 
De fato o garanhão tinha se restabelecido prontamente com mais uma dose aplicada de Banamine, tanto que o animal estava já solto no piquete cobrindo umas duas outras éguas da propriedade destinadas à reprodução.
Eugênie, então, aliviada por ver seu animal em perfeito estado de saúde cobrindo aquelas éguas, sentiu algo diferente em seu corpo e ficou tonta. Sua vista escureceu de repente e suas mãos ficaram geladas.
-“A senhora está passando mal, dona Eugênie”? – perguntava, assustado, o peão.
E, inesperadamente, aquela esposa altiva, elegante, perfumada e tão dedicada ao marido se atira nos braços de Antônio, aquele pobre diabo semianalfabeto e que cheirava a esterco de cavalo.  Eugênie, enlouquecida, começa a beijá-lo, a despi-lo e a sugá-lo com fúria jamais vista antes!
O peão fica sem entender nada, com medo, sempre tivera respeito pelos patrões, mas, não
resistiu à tentação daquela mulher que mais parecia uma princesa e a devorou impiedosamente sobre a baia forrada de serragem cheirando à cavalo.
E assim ficaram como dois bichos no cio por mais de uma hora, engalfinhados, trocando saliva, suores e orgasmos. O perfume francês ficou impregnado na pele queimada daquele matuto grosseiro; também o cheiro forte daquele corpo rude passou para o dela.
Despedem-se, prometendo que outra vez voltariam a se amar dessa forma lasciva, abjeta e, ao mesmo tempo, excitante. Juraram segredo absoluto e Eugênie se despediu de todos na fazenda com a maior dissimulação a ponto de ninguém perceber o ocorrido.
À noite, a mademoiselle regressou a seu lar como se nada, absolutamente nada, tivesse acontecido. Seu corpo ainda estava em ebulição, mas, ela soube manter a compostura diante do marido. – “Foi tudo bem lá na fazenda, meu amor”? – pergunta Andrade, carinhosamente.
E ela, mais afetuosa do que nunca, beija-lhe a testa e responde: -“Está tudo resolvido lá, querido. Não se preocupe”!
Eugênie caminha para o chuveiro, para tomar um banho e retirar, finalmente, aquele excitante odor que superava a fragrância de seu perfume francês. Ainda por um minuto sente no seu corpo o cheiro de bicho do suor daquele peão ignorante e bruto. 
Ao se lembrar de tudo o que fizera naquela baia rústica e suja onde os bichos foram as únicas testemunhas silentes, tem um último orgasmo solitário ao acariciar seu corpo e murmura para si mesma - “Antônio..... Antônio...”
Estava dolorida, quase ferida, por ter sido possuída dessa forma tão selvagem pelo, agora mais dedicado ainda, funcionário. Eugênie tinha uma sensação de que já não era mais a mulher culta, educada e nobre de antes. Aliás, não se sentia nem mais como um ser humano. Era, agora, simplesmente, uma fêmea no cio como aquelas éguas que tinham sido cobertas pelo seu cavalo de estimação!Sentia-se mais feliz que nunca!
Enquanto isso, no quarto, Andrade repete satisfeito e orgulhoso para si mesmo o provérbio bíblico que tinha em mente desde seu casamento e que, tão bem, resume sua esposa amada: -“Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis”. Eis a felicidade conjugal!

 

domingo, 22 de junho de 2014

Poesia: "A razão de um poeta"

Ai desse poeta cético e incrédulo na vida que no teu sorrir e olhar achou a inspiração para crer naquilo que jamais viveu!

Pobre poeta que jamais com suas mãos tocou a tua pele alva e delicada, branca como a geada na relva ao amanhecer em aurora de inverno...

Ai desses lábios que sequer pretenderam até hoje os teus tocarem de forma uníssona, harmônica e intrínsica...

Mísero poeta que nunca roçou com a face teus cabelos e nem aspirou deles o perfume de alfazema inebriando a alma e o coração...

E o que dizer de teu corpo, esguio e belo, a enfeitiçar o meu com o selvagem desejo de possuir-te por inteira?

Como viste, palavras são inúteis sendo a mim apenas necessárias a tua presença, tua voz e a tua alma...

Eia a verdadeira razão da minha existência, querida e doce senhorita!

domingo, 25 de maio de 2014

Conto:"A Meretriz"

*conto de João Ribeiro Neto publicado no livro A Sociedade sem Máscaras


Seus longos e escorridos cabelos ruivos ainda nem estavam totalmente secos, após o banho, esse por sinal digno de uma dama da realeza britânica, quando Tainá já se despedia do marido para ir cumprir sua dura rotina de trabalho.
- “Já vou, querido”! – despedia-se carinhosamente do esposo, roçando seus lábios encarnados nos dele.
Mário sairia mais tarde para trabalhar, seu horário era mais flexível que o de Tainá.
Não era, ele, ciumento, mas, não podia negar que se sentia um pouco incomodado, digamos assim, quando via Tainá saindo de casa muito bem vestida, perfumada, exalando a essência da sensualidade que toda mulher linda tem.
De fato, Tainá chamava a atenção por onde passava, não só por suas roupas provocantes e decotadas e nem pela minúscula lingerie que lhe marca a calça e a blusa. O que mais atraía olhares era o fantástico contraste entre seus cabelos naturalmente ruivos (que quase lembravam o carmesim) e sua pele branca como a neve que recobre sutilmente a Europa nórdica no inverno; uma pele com a textura delicada daquela flor que nasce espontaneamente no jardim, conhecida por onze horas, pelo fato dela se abrir como num passe de mágica ao sentir o raio solar quente a marcar a quase metade do dia! E aqueles olhos azuis que lembravam pedras preciosas de topázio?  Tainá era linda no conjunto, como uma dama pintada em tela por Renoir!
Mário não sabia exatamente onde a esposa trabalhava, apenas sabia que ela era vendedora em uma joalheria no centro da cidade. E não havia motivos para duvidar de Tainá, visto que seu salário no final do mês era religiosamente entregue ao esposo para, junto com o dele, serem pagas as despesas da casa. O que sobrava do montante era depositado numa poupança que ambos tinham em conjunto.
O marido estava acostumado com o jeito de se vestir da esposa, com o perfume provocante dela, enfim, mas nesse dia ele sentiu uma dose de ciúme que não sentira antes.
Preferiu não comentar com ela e nem com ninguém no seu trabalho sobre esse ciúme que, como um veneno letal, consumia suas entranhas provocando uma terrível dor e sensação de pavor.
No serviço, percebeu que alguns de seus colegas da repartição faziam certos comentários em voz baixa sempre quando Mário se afastava deles e aquilo o intrigou em demasia.
Na hora do almoço, Mário saiu com Antunes, seu grande amigo e colega de trabalho, e comentou com ele sobre aquele sentimento de ciúme que lhe brotou no coração, de forma incisiva, naquela manhã ao se despedir da mulher.
Por um instante, Mário sentiu-se envergonhado por começar a desconfiar da fidelidade de Tainá. Afinal, não havia motivo para isso, admitia para si e para o amigo. Ou haveria?
Antunes coça a cabeça meio sem jeito, acende um cigarro já na calçada, quando saíram do restaurante, e diz sutilmente.
- “Olha Mário, você sabe que sou seu amigo, não sabe”?
- “Claro que sei disso”; responde o outro.
- “Pois preciso te contar sobre os comentários que tenho ouvido sobre sua esposa, Tainá”!
No mesmo instante, Mário já percebeu que ouviria aquilo que ele jamais desconfiara nesses
anos todos de casamento! Seu coração acelerou, suas mãos estremeceram e ele, como uma criança assustada, com o olhar parvo, pediu ao amigo:
- “Conte tudo que você sabe sobre minha mulher”!
O amigo, antes de dizer, aventou a possibilidade de que poderiam ser apenas boatos, fofocas e inveja daquele povo que admirava o feliz casal.
Mas quando Antunes contou o que andavam dizendo sobre Tainá, Mário pensou que não suportaria tal golpe e desejou a morte ali mesmo caso fosse verdade o que acabava de ouvir!
Não podia ser! Antunes disse que havia a possibilidade enorme de Tainá ser uma garota de programa, uma mulher que se prostituía nas imediações do fórum João Mendes, no centro de São Paulo, em plena luz do dia.
- “Mas você tem certeza que é ela, Antunes”?
- Como disse, pode ser boato, mas, não custa tirar a dúvida”! – ponderou Antunes.
Mário não retornou ao trabalho depois do almoço. Entrou no carro e seguiu para a rua onde, supostamente, estaria sua esposa vendendo seu corpo aos engravatados que frequentavam o fórum.
Chegou ao local e olhou em todas as ruas das imediações em que sabia existir prostituição a qualquer hora do dia e da noite. Constatou que tinha algumas mulheres bonitas se prostituindo, mas, nada de ver sua esposa.
Sentiu um alívio momentâneo e julgou-se um maluco ciumento e ridículo. Iria falar uns bons desaforos a Antunes que teria inventado toda essa calúnia sobre sua esposa.
Porém, ao virar a esquina, Mário vê Tainá saindo de um carro abraçada a um homem desconhecido!
Observa de longe, atônito, a esposa amada se despedindo daquele bacana e retornando, em seguida, para a calçada em frente ao Banco do Brasil, seu ponto de prostituição onde, em breve, iria vender-se outras vezes no dia para outros clientes.
Após uns minutos, sem ser visto por ela, ele percebe a esposa saindo de seu ponto acompanhado por outro homem na direção de um daqueles hotéis específicos para a prática dessa arte milenar: a prostituição!
Mário entrou no seu carro e foi embora para casa a fim de esperar Tainá. Iria matá-la naquela noite mesmo, assim que ela chegasse do “serviço”.
Em casa, abriu o segredo do cofre onde ele guardava seu revólver de calibre 38 e o carregou. Tudo estava arquitetado já em sua cabeça: - “Mato essa vadia e depois me mato”! – dizia.
Logo, Tainá chegou a casa cansada de “trabalhar”. Possuía ainda em seu corpo o perfume com que de manhã havia saído e veio caminhando na direção de Mário para beijá-lo como fazia sempre.
Ele escondeu o revólver debaixo do travesseiro e, quando sentiu o perfume daquela ruiva encantadora, mesmo sendo uma meretriz, correspondeu ao seu beijo e mandou que ela tirasse toda a roupa imediatamente.
Tainá estranhou, sabia que o marido era louco de desejo por ela e que sempre costumava tomar um banho antes de se entregar para ele na cama.
Ele insistiu que a queria naquele momento, sem banho mesmo. Pensou consigo que alguém prestes a ser assassinado não precisa tomar banho, Caberia ao agente funerário banhar aquela que, em
breve, seria uma defunta cravejada por balas de revólver! 
E quem sabe se o agente funerário não seria um necrófilo que iria provar daquela nudez mórbida e daquele corpo onde o sangue já não mais corria nas veias? Delirava o marido!
Tainá obedeceu; tirou toda sua roupa e abriu-se inteira e por completo ao marido dizendo: - "Vem, sou sua”!
“Que cínica”! - Pensou Mário.
 Ele também tirou sua roupa e deitou-se sobre a esposa com seu corpo teso! Pôs a mão sob o travesseiro lentamente e encostou-a na arma. – “Agora eu a mato”! – pensou. Porém, decidiu usufruir um pouco mais daquela meretriz que não via mais como esposa.
Curiosamente, sentia que o ódio e a decepção por ter descoberto que a esposa era uma rameira lhe aumentava o prazer sexual.
Logo, chegou ao orgasmo intenso imaginando a mulher que ele tanto amava e desejava nos braços de outros homens. Era preciso, contudo, matá-la!
- “A honra se lava com sangue”! refletiu.
De repente, em questão de segundos, empunhou a arma apontando-a para o rosto de Tainá dizendo: -“Eu sei de tudo! Eu vi”!
Ela começou a chorar, humilhada por aquele homem a quem amava com sinceridade, sim, apesar de ser quem ela era, amava-o!
- “Atira em mim; eu mereço ser morta”! – pedia ao seu algoz.
Mário teve um pensamento que não sabe de onde e nem como veio e falou em voz alta: - “Não há diferença entre a prostituta e a mulher fiel! A prostituta é lasciva no corpo e a mulher fiel é lasciva na mente”!
Imediatamente, jogou o revólver para debaixo da cama e amou aquela sórdida Messalina como nunca, sentindo um prazer que até então desconhecia!
E todos os dias na hora do almoço, Mário saía do serviço com seu carro e ia “deliciar-se” ao ver sua esposa se prostituindo na esquina da João Mendes! Quando chegavam a casa, à noite, os dois se amavam de forma devassa alcançando, juntos, orgasmos que nunca imaginaram existir. Mário e Tainá já não eram mais um casal, eram cúmplices na arte de amar!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Poesia: "Soneto da Ausência"

"Soneto da Ausência"
(João Ribeiro Neto)


 Longe de ti sinto a alma carcomida;
Na minha boca, a falta de teus lábios,
No meu ser, sinto a falta de vida
E no meu corpo, as carícias nos átrios!

Longe de teu sorriso, enxergo o vazio;
A respiração parece travar-me no peito...
A sentir a ausência de teu corpo esguio
Ante à cama vazia onde me deito!

E eu, poeta versado na saudade,
Nada tenho a dizer além disso
Que o rude coração em versos explodiu!

Cabe a mim degustar-te a ausência,
dilacerando-me, na alma, as entranhas
a lembrar do sonho, no qual foste e és a donzela!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Poesia: "Insano Desejo"

De todos os lábios que beijei, desejo os teus, os quais nunca com os meus toquei e sequer uma gota de saliva trocamos!

E de todos os orgasmos que meu desnudo e lascivo corpo provou, o maior foi o teu que me proporcionou, mesmo sem nunca tê-lo possuído!

De todos os cabelos cujo perfume de azaleias aspirei, sinto falta dos teus, os quais nunca meu olfato sentiu e que eu jamais embaracei na tórrida arte de amar.

E de todas as mãos que segurei em noites de pesar, as que mais me confortaram foram as tuas, as quais sequer apertei!

Por fim, de todos os medos que senti, o mais tenebroso deles foi o de jamais te encontrar, mulher que tanto amo, que tanto desejo e que jamais conheci!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Poesia: "A Loucura da Paixão"

Como sentir saudade dos teus beijos, os quais jamais provei nos lábios, de tua úmida saliva ondulando à minha e de tua ávida língua à procura do céu da minha boca?

 É possível (sim; é!) sentir falta de tua mão trêmula segurando a minha no passeio campesino que jamais tivemos ao som do canto da siriema e do quero-quero?

 Loucura é sentir (não; não é!...) o gosto de teus seios em minha boca sem, ao menos, tocado tê-los um dia?

 E desejar proteger-te com meus braços das incessantes águas de março a fechar o verão tal cantou o maestro Tom Jobim?

 Essas mesmas águas que inundam meus olhos e que respingam sobre meu esbranquiçado rosto o teu, o qual jamais em mim roçou! (Roçou?)

 Será que tu, de fato, existes?
Talvez não para todos exista, porém, em meu coração tu existes e um dia encontrar-te-ei; mesmo tua ausência sendo bem mais amarga que o próprio chimarrão, o qual sorvo para amenizar a saudade de ti, criatura que desejo e que por ti sofro de paixão sem que alguma panaceia do mundo dê jeito!