Como sentir saudade dos teus beijos, os quais jamais provei nos lábios, de tua úmida saliva ondulando à minha e de tua ávida língua à procura do céu da minha boca?
É possível (sim; é!) sentir falta de tua mão trêmula segurando a minha no passeio campesino que jamais tivemos ao som do canto da siriema e do quero-quero?
Loucura é sentir (não; não é!...) o gosto de teus seios em minha boca sem, ao menos, tocado tê-los um dia?
E desejar proteger-te com meus braços das incessantes águas de março a fechar o verão tal cantou o maestro Tom Jobim?
Essas mesmas águas que inundam meus olhos e que respingam sobre meu esbranquiçado rosto o teu, o qual jamais em mim roçou! (Roçou?)
Será que tu, de fato, existes?
Talvez não para todos exista, porém, em meu coração tu existes e um dia encontrar-te-ei; mesmo tua ausência sendo bem mais amarga que o próprio chimarrão, o qual sorvo para amenizar a saudade de ti, criatura que desejo e que por ti sofro de paixão sem que alguma panaceia do mundo dê jeito!