“Existe vida após o casamento?”
Finalmente vocês, leitores, chegam à
crônica que empresta seu nome a essa coletânea. Muitos perguntam se existe vida
após a morte ou se existe vida em Marte, eu, porém, pergunto se existe vida
após o casamento!
Calma, antes de me chamarem de
trágico preciso esclarecer que só resolvi escrever essa crônica depois de
conversar com alguns casais e, claro, vivenciar o casamento na pele.
Sei que vocês poderão ficar incomodados
com alguma colocação feita, mas certamente vão se enxergar em alguns pontos da
crônica. Pois bem, lá vou eu!
O amor começa a naufragar como o
Titanic quando duas pessoas com hábitos diferentes, criações diferentes e
principalmente modos diferentes de se apertar a pasta de dente julgam-se
apaixonadas e resolvem se casar;eis o iceberg! Começa, então, uma intensa
convivência que mais tarde sabemos será de intensa neurose, indo parar nos
divãs dos psicólogos.
E ainda dizem para elas serem
felizes para sempre, “até que a morte os separe”. O certo é dizer “até
que a vida os separe”.
Vejam o que diz o escritor Oscar Wilde sobre o casamento:
“O matrimônio é uma espécie de
estufa. Leva ao amadurecimento estranhos pecados, e às vezes estranhas
renúncias.”
No primeiro ano de casados o diálogo é assim:
-“Amorzinho, você me ama”?
-“Amo benzinho!"
No segundo ano:
-“Bem, você me ama?"
-“Já disse que amo; preciso ler o
jornal!”
No terceiro ano lá vem a mulher com o velho papo de discutir a relação
na hora do jogo de futebol:
-“Precisamos conversar!"
(entra na frente da televisão)
-“Agora não posso; estou ocupado!"
(responde bravo o marido)
Depois de mais alguns meses o diálogo já é mediado por um juiz numa
sala de audiência:
-“Vocês tem certeza de que querem
se divorciar?”
E os dois, numa sintonia nunca vista até então, respondem ao mesmo
tempo:
-“Sim!”
Que fantástico!!! Dizem alguns que casamento é loteria: Difícil de
acertar e quando acerta ainda tem que dividir o prêmio!
Outros dizem que o casamento traz
duas alegrias: ”uma quando se casa e a outra quando se separa.”
E quando os sogros e parentes não saem da porta de sua casa pedindo
desde uma dipirona até um elefante indiano?
E quando o ciúme começa a ser
doentio?
Realmente não dá para suportar!
Já ouvi dizer que o casamento é como
a morte, ou seja, uma verdade irrefutável. Mais cedo ou mais tarde se casa e...
para alento, se separa...
Ou, então, o casamento pode ser
comparado a um ônibus lotado: ”Quem está dentro quer sair e quem está fora
quer entrar". A piada foi inevitável!
Acompanhem agora o velho Wilde em seus devaneios:
-“O homem se casa porque está
cansado, a mulher porque está curiosa. Ambos ficam decepcionados.”
-“A felicidade de um homem casado
depende das mulheres com as quais não se casou.”
-“Deveríamos estar continuamente
apaixonados, é por isto que nunca deveríamos nos casar.”
-“Na verdade não vejo nada de
romântico nos pedidos de casamento. O amor é muito romântico, mas não há nada
de romântico ao se pedir a mão de uma jovem. Corre-se sempre o risco de ela
aceitar. Aliás, acredito que na maioria dos casos seja isto mesmo que acontece.
Aí qualquer interesse desaparece. A incerteza é a quinta essência do
romantismo.”
Mas para não ficar só na opinião de eruditos, quando fui entregar meu
convite de casamento a um velho caduco, filósofo de botequim, ele me
disse:- “Quem pensa não casa, quem casa não pensa!” Foi a única coisa
útil que ele disse até hoje em sua vida. Eu deveria ter optado pela primeira
hipótese!
Uma vez encontrei um conhecido no
ônibus e após ele me contar sobre uma situação difícil pela qual passara
emendou com o seguinte desabafo:- “Não desejo isso nem para minha ex-esposa”.
Teve um professor de faculdade que me explicou certa vez o seguinte: -“casamento
é como um CD. Você compra por causa de uma música e tem que levar o resto
também!” Que sabedoria do mestre, hein!
Peguei tanto trauma de casamento que
quando tenho de passar pela rua São Caetano (a rua das noivas) na região
da Luz, em São Paulo,
peço para uma viatura do SAMU me acompanhar.
E na hora de se divorciar então? É
aquela baixaria na frente do juiz:
-“Quero pensão!”
-“Quem fica com o cachorro?”
-“E com a casa?”
-“E com os pijamas de bolinhas?”
-“E com a pasta de dente mal
apertada?”
O certo é que com as dívidas do banco e do cartão de crédito quem fica
mesmo é o marido!
-“Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara que o
homem!”
Mas casamento é um mau negócio para todos? Você me
pergunta, leitor. Claro que não, o Ronaldo Esper, por exemplo, ganha fama e
dinheiro à custa dos vestidos das noivas (e mesmo assim é chegado num vaso de
mármore carrara de cemitério).
Ah,
alguns “advogadozinhos” de porta de cadeia e sem ética também lucram com o infortúnio alheio. E como lucram!-pedindo
valores absurdos de pensão.
Há um ditado popular que
diz: ”Errar
é humano, persistir no erro é burrice!" Reflita sobre isso antes de se casar pela
segunda vez.
Por fim, é importante dizer
que conheço casamentos duradouros de 30 anos e até de 50 anos, mas são raras
exceções. Afinal, já dizia Nélson Rodrigues que toda a unanimidade é burra!
Espero não ter desanimado
você que é noivo ou namorado de se casar, mas que vale a pena refletir nessa
crônica, vale! Afinal, como eu disse no meu livro anterior: -“A vida é
Bela- Para Quem?”
Ah, o ministério da saúde
adverte: -“O casamento é prejudicial à saúde a ao bolso!”
A única diferença que existe entre um capricho e uma paixão é que o
capricho é muito mais duradouro