Marcadores

"A maior riqueza da minha vida" (1) "Conheça o autor" (1) "Curiosidades sobre o poeta" (1) "É...acho que estou ficando velho..." (1) "Jornal da Cidade" (1) "Lançamento de livro em Santo Ângelo/RS" (1) "Livros à venda" (1) "Participações na Tv" (1) "Poesias do livro Conflito Interior" (1) "Poeta por si próprio" (1) A Meretriz (1) A Mulher do Próximo (1) Agradecimento ao escritor Israel Lopes (1) As bocas que não se beijam (1) Conto: "A Felicidade Conjugal" (1) Conto: "A Meretriz" (1) Conto: "O enterro:um caso de amor" (1) Crônica: "A breve história do Sr.Enganoso" (1) crônica: "A camisa vermelha de Hugo Chávez" (1) Crônica: "A gramática do amor" (1) Crônica: "Então...É Natal" (1) Crônica: "Filosofia de botequim" (1) Crônica: "Imperceptivelmente" (1) Crônica: "O Tempo e o Vento" (1) Crônica:"Homem:sexo frágil e inseguro?" (1) Crônica:"Van Gogh eu e as grossas balizas das estudantes" (1) Deus não há! (1) Livro: "A vida é bela-Para quem?" (1) Livro: "Existe vida após o casamento?" (1) Livros à Venda (1) Materias sobre o trabalho literário do autor" (1) Na Antessala do Céu (1) Novo Livro Publicado (1) Novo Livro: "A sociedade sem máscaras" (1) O fim da ilusão-Adeus Quimera! (1) Poesia: "A Loucura da Paixão" (1) Poesia: "A razão de um poeta" (1) Poesia: "A uma certa gauchinha" (1) Poesia: "Foste..." (1) Poesia: "Insano Desejo" (1) Poesia: "Saudade" (1) Poesia: "Soneto da Ausência" (1) Poesia: "Tua Ausência" (1) Poesia: A Razão de um Poeta" (1) Poesia:"insano Desejo" (1) Questionamento à mote (1) Semana Farroupilha em Passo Fundo/RS (1) Sobre João Ribeiro Neto (1)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Livro: A Sociedade sem Máscaras

 
Novo livro do autor já está publicado e à venda no site:
 


 
O livro "A Sociedade sem Máscaras" traz contos que pretendem desmistificar padrões morais,religiosos e éticos,os quais se transformaram numa grande máscara da sociedade.onde todos se apresentam como politicamente corretos e acima de quaisquer suspeitas.
 

O autor aborda em seus contos temas como o adultério e a hipocrisia presentes nas "melhores famílias" e amplamente escondidos atrás de casamentos aparentemente sólidos pautados no amor,na religião e na felicidade conjugal!
 

É uma leitura indicada para maiores de 18 anos,pois,apesar de não conter elementos pornográficos, como podem supor alguns falsos moralistas, o livro traz em suas páginas elementos eróticos em seus contos.

 
Nesse livro,o escritor e jornalista João Ribeiro Neto resgata o bom e velho estilo de Nélson Rodrigues proporcionando uma leitura instigante e polêmica!



 


 
"Eu me dou o direito de ser contra quaisquer usos,costumes,instituições,ideias,cultos.Penso como quero e não admito,nem aceito,que me ponham limites nos meus pontos de vista."(Nélson Rodrigues)

domingo, 6 de janeiro de 2013

Crônica:“A Breve História do Senhor Enganoso”

          Senhor Enganoso, o personagem central dessa crônica, sempre foi sisudo e metido a rico. Na sua infância era pobre e vivia numa cidadezinha muito miserável e feia num dos lugares mais ermos do país.

            Naquela época, o angu era seu alimento preferido. Com os irrisórios lucros de seus pais, a folha de bananeira ocupava lugar de destaque no banheiro e o caminho à escola era feito com velhas galochas de borracha por léguas e léguas intermináveis... Daí o fato do Sr. Enganoso ter abandonado os estudos ainda em tenra idade e ter passado a vida toda na ignorância mais completa e absoluta que um ser humano pode viver.

            Mas o que faltava financeiramente ao Sr. Enganoso sobrava-lhe de “papo”. Contar vantagens aos colegas e conhecidos era com ele mesmo! Mentia, mentia e mentia... Todos sabiam que mentia, porém, fingiam acreditar!

            E foi numa dessas mentiras que o Sr. Enganoso conquistou sua esposa, a Dona Enganada. Essa, também ignorante e humilde, mas fazia questão de deixar claro qual a sua origem, não tinha vergonha!

            O casal viveu sempre de expedientes e de pequenos “bicos”. Morava tempos aqui, tempos acolá... Com o passar dos anos vieram os filhos, muitos filhos...

            O Sr. Enganoso, então, decidiu mudar de Estado com a “cara e a coragem”. Foi assim que o pobre casal e seus filhos chegaram a São Paulo. Ele sempre bebeu, fumou, traiu a mulher e judiou de seus filhos, mas a mulher manteve-se fiel a ele todo o tempo!

            Nosso personagem nas andanças da vida aprendeu um rude ofício e melhorou um pouco de vida, ou seja, saiu do “nada” e chegou ao “quase nada”. Lembra que eu falei no começo da crônica sobre o “papo” e a mania de grandeza do Sr. Enganoso? Pois bem, isso piorou com o passar dos anos!

            Querendo sair do “quase nada” para o “alguma coisa”, ele resolveu aplicar “golpes” nas pessoas de bem. Contratava e não pagava, furtava materiais dos patrões e mentia; mentia compulsivamente a ponto de todos os seus muitos filhos adotarem suas mentiras e seus golpes. Mas para disfarçar, freqüentava uma Igreja e apregoava uma fé digna de “levá-lo ao céu”, como gostava de dizer!

            Suas filhas eram “mães solteiras” que davam os chamados “golpes da barriga”. Já os filhos se apropriavam de materiais dos patrões “com classe” e lábia, na base do engano sutil.

            O Sr. Enganoso devia a mercados de bairro, agiotas, açougues, farmácias, quitandas e depósitos de materiais de construção. Chegou determinado dia que ninguém vendia mais nada fiado a ele, pois todos já conheciam sua reputação de “mau pagador”.

            Mas ele só andava de carro preto e ostentava uma bonita casa na cidade onde morava com sua família. Fazia de conta que não devia nada a ninguém e continuava a se “esconder” atrás da Igreja  que freqüentava.

            Um dia, porém, Sr. Enganoso adoeceu gravemente, enfermidade de morte, pois já era muito idoso!

            Sua mulher, Dona Enganada, e seus filhos ficaram ao seu lado solidários, mas não possuíam recursos para custear o tratamento do Sr. Enganoso.

            O INSS havia cancelado o benefício dele, pois descobriu-se que o mesmo era produto de estelionato. Dinheiro os filhos igualmente não tinham, pois não trabalhavam, viviam de pequenos “bicos” e golpes! Às filhas restava cuidar das crianças que haviam gerado nesses anos, pois marido algum aguentou a futilidade e as mentiras das moças!

            Tentaram comprar remédios fiado nas farmácias, mas ninguém quis vender nada para a família do Sr. Enganoso. Até que um dia ele amanheceu morto e seu corpo já cheirava mal por conta da enfermidade.

            Seus familiares procuraram uma funerária da cidade para fazer o enterro “fiado”, mas nem a morte foi suficiente para apagar a má reputação do defunto afinal, se vivo ele já não pagava, depois de morto menos ainda!

            Coube recorrer ao prefeito, o qual prontamente enterrou o morto por conta da prefeitura. E o enterro foi vazio, pois ninguém na cidade gostava do “finado caloteiro”, como ficou conhecido.

            Os coveiros, contrariados, depositaram o ataúde no fundo de uma cova rasa, pois até para eles o Sr. Enganoso morreu devendo dinheiro.

            O único que teve um ato pequeno de misericórdia com o “finado caloteiro”, além do prefeito, foi o administrador do cemitério que, mesmo tendo levado muitos calotes do morto, preocupou-se em escrever na sepultura esses ínfimos versos de Drummond como um questionamento tácito e derradeiro:

 

 

“E agora, José?

A festa acabou,

A luz apagou,

O povo sumiu,

A noite esfriou,

E agora, José?

E agora, você?

Você que é sem nome,

Que zomba dos outros,

Você que faz versos,

Que ama, protesta?

E agora, José?”

 

            Para encerrar esse breve relato sobre a vida do Sr. Enganoso, convido meus leitores a refletirem sobre o seguinte aforismo de Napoleão Bonaparte:

“Os homens não mudam. Os especuladores desonestos sempre agirão como agiram no passado!”

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

crônica :"O Tempo e o Vento"

 

            Faz tempo que não escrevo artigos e críticas literárias, pois os leitores apreciam mais as crônicas que tratam de temas engraçados e não tiro o direito das pessoas preferirem esse tipo de leitura.

Hoje acordei cedo como de costume e comecei a me lembrar muito do meu pai. Recordei de quando eu o acompanhava nas reuniões políticas do partido, o PDT, com o também falecido Leonel Brizola.

            Uma vez, na convenção do partido nas eleições presidenciais de 1989, tomamos um chimarrão com o Brizola na mesma cuia e o Governador, como era conhecido, pôs a mão na minha cabeça e disse: -“Esse guri vai longe!”

            Não sei se fui tão longe assim, mas o fato é que consegui publicar meu terceiro livro num país onde a minoria aprecia a literatura!

            Voltando ao meu pai, lembrei que certa vez ele me presenteou com uma coleção de livros e um DVD com a obra de Érico Veríssimo: “O tempo e o vento.”

            Para quem nunca teve acesso a essa obra eu recomendo a leitura, pois é uma viagem à História do Rio Grande do Sul nas intermináveis lutas do povo gaucho contra os castelhanos em defesa das fronteiras sulistas do Brasil.

            Érico Veríssimo teve a preocupação de narrar fatos históricos como a Guerra dos Farrapos, retratar as duas grandes revoluções do Rio Grande com riqueza de detalhes, como um retrato fiel da História, mas salpicou “O tempo e o vento” com romances e personagens que às vezes o leitor até chega a acreditar que são reais devido ao seu engajamento com a trama e o cenário.

            Só para lembrarmos um pouco de alguns personagens cito Ana Terra, a matriarca da família Terra, Maneco Terra, Bibiana e claro, ele, o revolucionário e intrigante Capitão Rodrigo Cambará, amigo do cunhado Juvenal Terra.

            O capitão chegou à cidadezinha de Santa Fé em seu cavalo zaino com um violão nas costas e uma espada apresilhada à cintura num dia de finados bradando: “Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho”!

            Ele era dado ao vinho e às paixões, seu lema era: “Ou oito ou oitenta!” Vivia intensamente lutando nas revoluções e guerras; amava correr riscos e viver perigosamente.

            Apaixonou-se por Bibiana Terra que era a paixão de Bento Amaral , filho do poderoso coronel que fundou o povoado de Santa Fé.

            Bento Amaral desafiou Rodrigo Cambará para um duelo de espadas; quem vencesse ficaria com Bibiana.

            Na luta voraz, Capitão Rodrigo marcou o rosto de Bento Amaral com a inicial de seu nome, mas antes de terminar o “R” levou um tiro traiçoeiro de Bento Amaral e quase morreu, mas depois recuperou-se vindo a se casar com Bibiana Terra.

            O Capitão passou a vida inteira obcecado em terminar a “perninha do R” no rosto de Bento Amaral até ser morto na Guerra dos Farrapos.

            Mas o que tem a ver o Capitão Rodrigo comigo e com a saudade do meu falecido pai?

            É que quando ele ia ao nosso sítio e me via pilchado (trajado com vestimentas gauchas) em cima de um bonito cavalo puro-sangue dizia sempre com orgulho: -“Esse é o meu Cambará”!

            E eu riscava as esporas no pingo (assim o gaúcho chama o cavalo) da virilha ao coração e saía galopando pago afora.

            Quantas lembranças boas que embargam a voz e embaçam os olhos. Mas duas coisas estão sempre vivas no peito: “O amor e a saudade” de um tempo que jamais voltará.

            Daí o nome da crônica tirado da obra de Veríssimo: “O tempo e o vento!” Preciso terminar a crônica, pois as lágrimas já escorrem pelo papel, mas não sem antes citar as palavras de Érico Veríssimo encerrando “O tempo e o vento”:

 

“Uma geração vai, e outra geração vem. Porém a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar donde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo seus circuitos”

            ( Ec I;4-6)