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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

crônica :"O Tempo e o Vento"

 

            Faz tempo que não escrevo artigos e críticas literárias, pois os leitores apreciam mais as crônicas que tratam de temas engraçados e não tiro o direito das pessoas preferirem esse tipo de leitura.

Hoje acordei cedo como de costume e comecei a me lembrar muito do meu pai. Recordei de quando eu o acompanhava nas reuniões políticas do partido, o PDT, com o também falecido Leonel Brizola.

            Uma vez, na convenção do partido nas eleições presidenciais de 1989, tomamos um chimarrão com o Brizola na mesma cuia e o Governador, como era conhecido, pôs a mão na minha cabeça e disse: -“Esse guri vai longe!”

            Não sei se fui tão longe assim, mas o fato é que consegui publicar meu terceiro livro num país onde a minoria aprecia a literatura!

            Voltando ao meu pai, lembrei que certa vez ele me presenteou com uma coleção de livros e um DVD com a obra de Érico Veríssimo: “O tempo e o vento.”

            Para quem nunca teve acesso a essa obra eu recomendo a leitura, pois é uma viagem à História do Rio Grande do Sul nas intermináveis lutas do povo gaucho contra os castelhanos em defesa das fronteiras sulistas do Brasil.

            Érico Veríssimo teve a preocupação de narrar fatos históricos como a Guerra dos Farrapos, retratar as duas grandes revoluções do Rio Grande com riqueza de detalhes, como um retrato fiel da História, mas salpicou “O tempo e o vento” com romances e personagens que às vezes o leitor até chega a acreditar que são reais devido ao seu engajamento com a trama e o cenário.

            Só para lembrarmos um pouco de alguns personagens cito Ana Terra, a matriarca da família Terra, Maneco Terra, Bibiana e claro, ele, o revolucionário e intrigante Capitão Rodrigo Cambará, amigo do cunhado Juvenal Terra.

            O capitão chegou à cidadezinha de Santa Fé em seu cavalo zaino com um violão nas costas e uma espada apresilhada à cintura num dia de finados bradando: “Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho”!

            Ele era dado ao vinho e às paixões, seu lema era: “Ou oito ou oitenta!” Vivia intensamente lutando nas revoluções e guerras; amava correr riscos e viver perigosamente.

            Apaixonou-se por Bibiana Terra que era a paixão de Bento Amaral , filho do poderoso coronel que fundou o povoado de Santa Fé.

            Bento Amaral desafiou Rodrigo Cambará para um duelo de espadas; quem vencesse ficaria com Bibiana.

            Na luta voraz, Capitão Rodrigo marcou o rosto de Bento Amaral com a inicial de seu nome, mas antes de terminar o “R” levou um tiro traiçoeiro de Bento Amaral e quase morreu, mas depois recuperou-se vindo a se casar com Bibiana Terra.

            O Capitão passou a vida inteira obcecado em terminar a “perninha do R” no rosto de Bento Amaral até ser morto na Guerra dos Farrapos.

            Mas o que tem a ver o Capitão Rodrigo comigo e com a saudade do meu falecido pai?

            É que quando ele ia ao nosso sítio e me via pilchado (trajado com vestimentas gauchas) em cima de um bonito cavalo puro-sangue dizia sempre com orgulho: -“Esse é o meu Cambará”!

            E eu riscava as esporas no pingo (assim o gaúcho chama o cavalo) da virilha ao coração e saía galopando pago afora.

            Quantas lembranças boas que embargam a voz e embaçam os olhos. Mas duas coisas estão sempre vivas no peito: “O amor e a saudade” de um tempo que jamais voltará.

            Daí o nome da crônica tirado da obra de Veríssimo: “O tempo e o vento!” Preciso terminar a crônica, pois as lágrimas já escorrem pelo papel, mas não sem antes citar as palavras de Érico Veríssimo encerrando “O tempo e o vento”:

 

“Uma geração vai, e outra geração vem. Porém a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar donde nasceu. O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo seus circuitos”

            ( Ec I;4-6)

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